sábado, 14 de dezembro de 2013

Restaurante Degradê

Vejo que pediste o teu café três anos mais cedo
No restaurante degradê para actores desempregados
Como vestiste o teu blazer vincado pelo enredo
Como fingiste conhecer os empregados

E a cortina pálida ao teu lado, pediste a sua cor emprestada
Enquanto a cantora de cabaret, acabada, com o tutu rasgado
Contemplava o enredo amador entre o cigarro e a cinza queimada
Ela sorri para ti mas tu és demasiado madura
Porque não vê ela então na tua face o rasgo do amor acabado
E o seu velho travo?
Porque não está ele escrito no silêncio da tua postura?
Ou no teu cachecol em Abril, mas no fundo tu sabes que a fineza do teu perfil
Não acompanha a tua frente de capa dura

E está de volta o empregado que já devia ter bigode por agora
Sabes ao menos que é com desespero que ele te pedirá para pagar?
Quanta vez falaste a ti mesma de dinheiro,
Com os lábios escuros docemente pintados,
Que podias partir o mealheiro
Sem compreender o valor de desesperar?
Sei que estás tensa, apreciando a sua demora,
Enquanto fala com outros clientes irados
Mas é um favor que ele te irá fazer, acredita amor,
Quando te puser a ti porta fora
E ao sol os teus olhos molhados.

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