quem foi que nos bordou cruéis?;
quem foi a mãe de trapos que nos teceu?;
com ceras e sedas,
alvos como a noite,
reflectidos numa foice,
fosse a morte quando fosse.
tecidos por mórias,
a dois suspiros dos restos do velho tirésias:
especo falésias e elas me engrandecem,
mais do que o cálice de onde beberam o meu sangue.
o corpo é fraco
e à carne faltam-lhe os anos que já tem:
parece borracha,
nem para os cães serve.
a alma aos poucos ferve,
sente o inferno que a há-de danar:
os corações foram pesados à nascença:
não valem a pena.
a crença é a única coisa que nos mantém suspensos por uma corda:
a uma faca de distância, a espera já está morta
e anseio por nascer:
uma palmada no rabo,
chupeta na boca
e um anjinho de prata,
pronto para errar outra vez.
Sem comentários:
Enviar um comentário