segunda-feira, 9 de junho de 2014

do outro lado do rio havia casas,
mas eles já não dormiam lá.
só se viam fachadas sem gente,
sem nada nem ninguém.

do outro lado do mar havia um jardim,
mas as flores trouxeram-nas para cá:
fizeram uma coroa para um funeral
de alguém que nunca acreditou na morte.

do outro lado da cidade eu via pássaros,
mas nunca os vi cantar.
só voavam de um lado para o outro,
com o rumo de um bêbedo
e a conversa de um homem morto:
-um copo de whisky;
-um cigarro;
-um tiro no escuro
e um sonho arruinado por passar a auto-estrada sem olhar para os dois lados.

(do outro lado de mim estavas tu
e tudo o resto perdeu a sombra.
mal de ti só quando vais:
fica aqui.
ilumina os escombros.)

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