quarta-feira, 11 de junho de 2014

saudade (erróneo)

às tantas, com o b-a-ba feito,
a criança enforcada no fio de contas
tinge o chão de sangue e num acto de rebeldia escreve o nome,
com a altivez já posta,
fato vestido
e factos comprovados,
desfila e ascende a velho.

ainda há, contudo, quem queira voltar à criançada,
quando o cangalheiro tira a quem quer que seja:
ora tira as bulhas e as tintas e os joguetes,
ora tira as putas e o vinho verde...

claro que a ver de longe a infância é só reminiscência:
quem vê uma mata queimada não se evita a questionar se o sentido estético não supera a morte,
se o negro pintado não supera os campos que arderam,
se o berço dos fantasmas não supera o jazigo das folias!

toda a gente gosta de festa,
mas ninguém fica para limpar;
toda a gente quer ser criança,
mas todos crescem,
todos trabalham,
todos se arrependem dos erros:

na meta ninguém se arrepende por ter corrido;
só choram.

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